Ivan Barbeira

I.
As minhas últimas fotografias foram bem-vindas
objectos dum sentimento precioso.
Uma sufocante paixão que me dá gozo.
Oriunda de onde?
Destes olhos cristais de fogo
que me miram num todo.
Eis a fotógrafa que faz de mim ouro.
E como não podia?
Já viram bem os seus olhos?
O seu todo. Deusa
coincidência falsa vincada a uma realidade de
coexistência de almas.
Como é que conseguiste acalmar esta alma de imbecil?
Ensinas-me valsas tentativas de ser adulto.
Lindas subtis danças em que avançamos,
sem desavenças, a nossa inocência de criança
E crias ânsias em mim que eu aprecio
como um desporto.
E mesmo sem jeito para jogos
enfrentamos caminhos feios, sem medo,
pois desejamo-nos por completo, mesmo
quando sofremos e, por isso,
presenteio-te com estes sonetos cheios de fortes sentimentos e
muitos, muitos
beijos.
II.
Ontem transcendemos
sob luas e sóis na tenda
os dois, a sós,
esquecendo felizes os lençóis.
Por entre olhares infinitos
crivos de terramotos de vibrações apaixonantes.
Nunca o sentira antes,
nunca vira motes tão grandes
que se acumulam de tal forma que
Oh fúria desumana tão humana de sentidos sem nome e adjetivos talentosos.
Como te chamo?
Diz-me,
Como te chamo?
Oh fúria desumana tão humana de sentidos sem nome e adjetivos talentosos
que se acumulam de tal forma que
Nunca vira motes tão grandes,
nunca o sentira antes
crivos de terramotos de vibrações apaixonantes.
Por entre olhares infinitos
esquecendo felizes os lençóis
os dois, a sós
sob luas e sóis na tenda
Esperamos por mais transcendência hoje.
Vestimos o fato encarnado dos deuses, Diana e Apolo.
Encarnação gémea de tal força que ofusca os astros.
Eles eclipsam-se, de todo, com o brilho
dos nossos olhos.
III.
Eu sei, devo ter enlouquecido.
Mas como?
Amo como se fosse a primeira vez.
Mas como?!
Com idolatria e paixão!
(Fumo e fogo).
Nunca antes sentira de todo
este coração a bater assim,
Sinto-me vivo de novo.
Serei eu um sortudo ou um maldito?
Enlouqueci e recebi entrada vitalícia neste belo manicómio!
Hesíodo e Ovídio dois doidos crónicos,
passando o tempo discutindo
quem é que conhece melhor a origem de Eros.
Enquanto nós
Criamos mundos e caos
onde eles não existiam.
Reescrevemos a Arte de Amar
nos nossos corpos fracos pela poesia.
Nós somos uma teogonia eterna
na nossa bendita escrita épica,
vinda desta linguagem linda
que é o nosso eterno amor.