por Rita Figueiredo
“Da embriaguez à civilização”

Esta história em jeito de ensaio foi publicada na colecção “Retratos da fundação” (Fundação Francisco Manuel dos Santos). O autor faz um retrato da civilização e das consequências do consumo do álcool, tendo por base teorias de diversos autores.
A importância conferida à figura do macaco não acontece apenas pela nossa ancestralidade mas também pela teoria do macaco bêbedo. Assim como no ensaio, o macaco (antes sequer de “poder pensar” em ir à ópera) passa pelo processo de descer da árvore para comer a fruta mais madura, já caída e por conseguinte, mais doce e fermentada, com cheiro a álcool. Isto provocou um aumento no consumo de calorias, até ao crescimento do cérebro e formação de diferentes partes da coluna vertebral.
O escritor parte da teoria de que a origem da evolução humana está no álcool. Neste caso, foi a partir da criação da cerveja, que ficou também imposto um ciclo vicioso de insaciabilidade.
“O crescimento económico contínuo é a insaciabilidade do macaco bêbedo.” A agricultura da subsistência deixa de o ser para o capitalismo e a ópera poderem acontecer.
Afonso Cruz é escritor, ilustrador, cineasta e músico da banda portuguesa de blues The Soaked Lamb.
Jazz na poesia em língua portuguesa
Po-e-si-a (latim poesis, -is, do grego poíesis, fabricação, composição, criação) Jazz [jáze] (palavra americana Música caracterizada pelo ritmo sincopado, pela improvisação, pelas mudanças rápidas de tom e pelo emprego original de instrumentos de percussão.)

Editado em 2004, Poezz nasce da pesquisa e organização de dois portugueses. José Duarte, que dá voz ao programa de rádio há mais tempo no ar em Portugal, Cinco minutos de Jazz e Ricardo António Alves, diretor do Museu Ferreira de Castro, em Sintra. Para além de responsáveis por esta antologia, são também os autores dos textos de apresentação dos poetas presentes no livro.
As línguas portuguesa e jazz são o que sustenta estes cerca de 130 poemas de 80 poetas de “quase todos os movimentos estéticos e geracionais do século do Jazz: futuristas, presencistas, neo-realistas, surrealistas e seus derivados”.
Este livro é a celebração de um casamento quase incestuoso entre duas artes que podiam ser gémeas ou exatamente a mesma.
jazz é nada não cabe em alguma definição cabe em muitas sensibilidades não cabe no porão que o trouxe nem num armário que o feche foge de gavetas a 4/4 pés jazz é uma maneira de estar na vida o resto são cantigas diz-se maneira pré ocupada em construir destruindo é o seu refrão onde tudo cabe do paraíso à saudade jazz e poesia in poezz