Open Call
A poesia da Ana Cláudia Santos explora o campo místico, metafísico e filosófico da vida. Em 2020 disponibilizou em formato digital o seu primeiro livro, “Meia-Vida” (ilustrado por João Massano) e em 2021 ficou disponível em formato físico. É também cartomante de tarot e oráculo e produz e atua em eventos de poesia.
Incorpóreo O que acontece, os casos, os dados Existem porque é doado título Substantivo Imaginação. A exatidão da vida não se encontra na vida Não se encontra. E zero descobriu, inventou. A verdade da vida não está no disco Não é para Nós… O objeto que acomoda lembranças Que dizem a saliência mais digna da natureza, Só chega até um pouco-além O além-além está bloqueado aos ensaios. Quero arrancar os suportes que me magnetizam ao solo Quero desligar-me desta forma de ser que sou Difundir-me de novo na natureza Alastrar-me de novo no fragmento mais exíguo do universo Que seja total oculto, abstrato, Incorpóreo… Que não faça sentido ao ser humano pensar sobre o que eu for Que seja o mais indetetável possível O mais indefinível para a clareza do Homem... Voltar ao ponto que não é identidade, que não é um algo Que ajuda a sustentar os detalhes e pontos Que interligam as dimensões… Ser nem um átomo, Mas ter consciência… Mas algo mais, algo mais… É aí que pertenço, a não ser pessoa, a não ser humano A não ter identidade, a ser universo e força infinita, Outra vez… Existe um mundo que nos envolve Místico. A realidade nossa, da terra É ilusão súpera, Mas não a maior delas. O raciocínio não dá nem para visualizar o infinito Tontura no cérebro só por tentar. A verdade dá para a ir sentindo, mesmo sem a compreender. Além-compreendo por sentir Sentindo, sou quase Deus, quase o criador. É desapropriado para o pensamento que só quer pausar um momento É chocante, é agarrar no coração e pressionar até magoar Até quase deixar de ter vida, Por me fazerem imaginar tudo o que implica A vivência da terra… E na terra, pouco se faz Eu que quero existir tudo ao mesmo tempo, só posso ser assim… Ana Cláudia Santos